Olhar epifânico
Meu Deus,
que eu não perca
o olhar íntimo
das coisas triviais
Que eu saiba calar
quando se fizer
necessário
emudecer o grito
Que minha pele
suporte as marcas
visíveis do tempo,
presa ao som do vento
Que eu possa
olhar o horizonte
e descobrir a Ti,
lá longe,
onde me encontro só,
onde um dia serei pó
Que o peso da minha dor
suporte carregar
o meu corpo convalescido
em misericórdia epifânica
Que eu saiba viver
e respirar no outro
um pouco de Você!
Fim antes do fim
a meditar sobre a vacuidade da
existência,
sobre a inexorabilidade
do tempo,
do vento,
e a ausência
de chuva,
de sentido,
de riso
ele persiste,
alheio,
triste,
inerte,
como um rei não esclarecido,
que espera a notícia
da vitória na batalha
e mal sabe da carnificina
a se aproximar,
dos abutres,
dos odores,
do verme,
da Morte personificada,
que friamente constata,
não escondendo a alegria,
ao exteriorizar os dentes lívidos,
com a foice empunhada:
com a foice empunhada:
“Antes do fim, eu venci”.
O poema que eu não sei
O poema que eu não
sei
Nasce sem saber
Rima na esquina
Chama e desatina
Vem do apagão a me
lumiar
Some no clarão para
eu chamar
O poema que eu não
sei
Beira a exaustão
Chega de mansinho
Sem saber que é ninho
Ousar não falar
Diz sem perceber
Fala sem querer
O poema que eu não sei
Flui igual melaço
Surge de carinhos
Feito de pedaços
Canta o amor
em um só compasso
O poema que eu não
sei
Cheira a você.
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