Armadilha


Sou caco de vidro

De um mosaico não construído

E seria flor

E seria lírio

Como aquele que encantou

Os olhos do Profeta

Os olhos do Poeta dos Poetas

Num maravilhoso entardecer.


Sou parte de um todo que não há...


Seria beleza

Alvo de contemplação

Mas não passo de armadilha

Mas não passo de ferida

A passantes desavisados

Que olham o céu

Não o chão.

Amor mórbido


Daria tudo para te ver agora

Daria o meu ovário para fecundação

se em troca soubesse que irias renascer em mim


Daria tudo para te ver agora

e falar ao seu ouvido o que queres ouvir

Daria minha alma,

meu desejo,

minha força,

minha angústia,

minha dor

Nem que para isso sucumbisse em vida


Eu te daria a minha carne viva e viveríamos de momentos sem vida

Da morte de um no outro e do outro em um

Dessa celebração eterna

Dessa morbidez carnal

Desse amor fatal