Sobre ser e não ser


Há uma fissura no ser.
Uma leve fissura que possibilita
a suposta existência da não existência,
de um não sei que inefável,
mas que grita pavoroso no mundo
das essências incriadas,
como uma aberração manipulada
por um gênio malévolo
que tinha como intenção exatamente isto:
contrapor ao que foi posto o não posto.
E ele ri negativo do extremo positivo que tudo aparentava ser
e não era.

Ser ou não ser nunca foi a questão.
Ser ou não ser não é oposição.
É possibilidade!
É chamado antigo!
O ambíguo tornou-se possível.
O talvez irrompeu nas estruturas numênicas
e assim o mundo da transcendência
tornou-se mais provocador, por isso interessante,
pois a mão que apalpa o sim
também acaricia o não.



(Narciso)