Idade madura


De repente, percebemos que as coisas
não são como pensávamos.
Percebemos que a mamãe não é uma heroína
ou uma santa que idealizávamos.
Que ela erra, mente, peca.

Percebemos que podemos sorrir quando não desejamos.
Percebemos que podemos abraçar pessoas que odiamos.
Percebemos que aquela pureza de outrora
desapareceu depois de algumas idas e vindas pelo mundo.

Percebemos que o mundo não começa em nós,
Que não somos o centro do universo.
Percebemos que falar na primeira pessoa do plural é mais fácil,
pois escamoteia alguns sentimentos de um eu escondido na coletividade
falsa e alegremente imaginada por todos para isso mesmo.

Percebemos a dor do semelhante,
o choro de uma criança,
o olhar envelhecido da mesma mamãe,
a dor indolor do tempo,
e o sentimento de que de agora em diante
carregamos o mundo nas costas.

Menina-mulher


Sou uma menina-mulher em formação.
Minha imagem reflete o desabrochar do meu ser em transformação.
Sou pura metamorfose.

Conheço os meus desejos mais íntimos e secretos, que só um ser pode alcançar
Mesmo na certeza incerta de ser preterida.
Vivo a divagar e ponho-me a sonhar acordada.

Tenho dias luminosos, apesar da dor que me serve de companhia.
Sinto a necessidade de respirar você, unindo-nos em um só ato de vida.
Meu mundo é colorido, apesar do breu de meus sentimentos.

Brinco de jogo da verdade, sob a ilusória mentira de meus pensamentos.
Escalo degraus ainda esperançados.
Sorrio na dor por falta de consolo.

Sigo os meus passos sem direção.
Brinco de vida e a vida brinca comigo
Cheia de honra e predestinação.

Não me basta querer apenas, basta-me ser.
Me mostro como um brinquedo em movimento.
Sou um baluarte de idéias em um nicho de ternura.


♥Astréia♥