O poema que morre em mim


O poema que morre em mim

Deixa-me triste e cabisbaixo

Mais dentro que por fora

Olho tudo e vejo falta

A obviedade das coisas me fadiga

O grito contido me assola

E quando a dor é grande demais

Começo liricamente a divagar

a elaborar teorias mirabolantes

Que o cientista mais rígido pode repudiar

- O que me importa

se o devaneio tornou-se meu refúgio?-

Penso na décima sétima dimensão

No paraíso além do abismo

Penso que lá existe eu mesmo

Apenas mais translúcido e poetizado

Que estou a semear os poemas que matei

E quando tudo vira flor

Presenteio-me com o mais belo girassol

E sorrio amarelo em meio às plêiades e nebulosas

Que enfeitam meu jardim.


A cabeça voa longe demais

Mas meu peito sangra.


O poema que morre em mim

Faz-me como um louco divagar

E ao mesmo tempo me poetiza e prepara

Para o encontro com uma amiga

Que a vida me impediu de admirar.

O poema que morre em mim

É silencioso prelúdio de minha decomposição/ressurreição.


Quando eu pensava em você



Pensei em você como uma última esperança

Como um fim de um começo

Eu pensei em você até quando não pensava em pensar

Pensei

Ontem,

Hoje,

Agora,

Minutos atrás,

Segundos,

Instantes,

Pensei...

E ao pensar, me perdi

pensando haver me encontrado.