Voo



Na boca do abismo
uma mão
livre enfim

Saudades






Sinto saudades daquele tempo em que você aparecia
Eu corria, sorria, sofria... como quem diz...fica!

Sinto saudades do encontro casual de nossas melancolias

Do seu cheiro originário
Do meu olfato aguçado

Sinto saudades do brilho dos seus olhos a iluminar os meus dias

Do seu sorriso esbranquiçado
Do meu entusiasmo declarado

Sinto saudades das nossas conversas

Do seu coração resignado
Do meu olhar apaixonado

Sinto saudades das nossas juras de amor

Do seu silêncio contido
Do meu rubor adormecido

Sinto saudades das nossas trocas de correspondências

Do seu papel amarelado
Do meu desejo desenfreado

Sinto saudades do ontem, do depois, e do jamais.

Da sua face rente a minha
Do meu colo junto ao seu

Sinto saudades das nossas mãos entrelaçadas

Da sua textura de pele
Da minha alegria breve

Sinto saudades do seu calor humano

Da profundeza de sua alma
Do encontro de duas áureas

Sinto saudades de nós dois

Do seu aconchego
Do meu cobertor

Fica!

Ria


Ria hoje e sempre, pois é teu dia hoje... e sempre
O teu riso fecha infernos
Sorrindo abres paraísos
Acredite! Por que duvidas?
Ria, minha cara amiga e
Inevitavelmente verás
O Universo em torno a ti a entoar: Parabéns!

Ao derrotado


Ah! Essa gente que vence...
Que com soberba comedida sorri
Mostrando aqueles dentes enormes e brancos,
Congelados na fotografia,
Que não virará papel.
Sucesso.
Prêmio.
Que danação!
O falido, o derrotado
Que jaz na penumbra do esquecimento
É tão mais poético,
É tão mais profético!
Seus olhos turvos,
Que deixam entrever uma luz
No fim do túnel da existência
Oca e triste.
Esses olhos eu quero.
Esses olhos:
Pérola negra numa noite sem estrela.
Esses olhos.
Essa dor.
Perante eles me penitencio.
Perante eles encontro redenção.

Amo-te



Tanto tempo longe de ti
Quero ao menos te encontrar
A distância não vai permitir
Meu amor de te contemplar

E-mails já não adiantam mais
Quero ouvir a sua ode 
Vou enviar um whatsApp dizendo
Que estou quase sucumbindo
 Dessa falta de você 

Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!

Eu não sei por quantos anos eu
Tenho ainda que aguardar
Quantas vezes eu até lamentei
Pois não pude te tocar

Para mim não vale a pena
Tanta coisa sem ti
E então me desanimo
Por favor meu bem eu preciso
Sem demora te abraçar

Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!

Mas o dia que eu puder te olhar
Eu quero dizer o quanto padeci
Por toda essa existência
Que eu quis te encontrar

Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!

E-mails já não adiantam mais
Quero ouvir a sua ode 
Vou enviar um whatsApp dizendo
Que estou quase sucumbindo
 Dessa falta de você

Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!

Mas o dia que eu puder te olhar
Eu quero dizer o quanto padeci
Por toda essa existência
Que eu quis te encontrar


Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!
Amo-te, eu te amo, eu sempre te amarei!

Bolinhos de chuva


De sua janela,
ela olha o movimento,
ela olha o vento,
ela olha o tempo.
Ela voa e sobrevoa
a miserabilidade das coisas,
como filósofa niilista,
como deusa esquecida.
Desacostumada
com o cálido dia,
ela galopa nas dimensões,
descobre o mistério primordial,
num piscar de olhos.
Monotonia.
Ela fecha a janela.
Vai para cozinha
fazer alquimia:
bolinhos de chuva.
E somente ali
encontra Poesia.




Tentativa




Tentei completar a escrita, com palavra não dita.
Furei o plástico-bolha, da minha emoção.
Tentei segurar a vida, sem nenhuma expectativa.
Suguei o inicio do fim, na sofreguidão.


Tentei retirar sentimentos, de meros momentos.
Traguei o caminho aberto, da escuridão.
Tentei resumir o acaso, num só elemento.
Feri o resumo em estrofes, na declaração.

Tentei não dizer o que sinto.
Sangrei no momento oportuno, dessa ilação.
Tentei sufocar o destino.
Rasguei a ferida nutrida, nessa comunhão.

Tentei ser um par de sapatos.
Pisei na lama do meu coração.
Tentei condoer-me do corpo ressequido.
Morri, no gozo, dessa compleição.

Deus


Quando eu penso em Deus
Penso em tudo
Menos Nele
Enxugo gelo
Agarro o vento
Ao pensar Nele
E Ele ri de mim
E eu, resignado,
Acabo rindo com Ele.

Quando falo de Deus
Falo de tudo
Menos Dele
Dialogo com o espelho
Lambo o cotovelo
Ao falar Dele
E Ele se cala
E eu, resignado,
Me calo com Ele.

Quando sonho com Deus
Sonho com tudo
E às vezes sonho
Ele
Entre imagens e projeções
Um Menino
Sonhando sorri
E eu, estupefato, acordo
Ao descobrir que era
Desde sempre
Sonhado por Ele.




6 anos

  



   Aniversário de 6 nos do blog
  Satisfação eterna ao amigo Narciso
  Ternura plena
  Reconhecimento dividido
  É o momento de agradecer
  Ilustrar a passagem de mais um ano
  Almejar por muitos outros




Não existiria blog sem o seu convite                 
Alma agraciada pela luz
Responsório de poesia
Cálculo sonoro de sentimentos
Imagem naturalmente límpida
Sofista das palavras
Orvalho de amor

É tarde?






Tarde é não dizer que te amo,
não sentir o teu cheiro característico da espécie

Tarde é amanhecer sem tua presença,
e mesmo assim achar tudo tranquilo

Tarde é sumir de vez da tua vida,
e não me despedir com um beijo

Tarde é sufocar o desejo de te embalar em meus braços,
e fazer delongas carícias em tua face

Tarde é poder viver a vida contigo,
e não desfrutar do teu amor

Tarde é perambular pela noite sem a tua presença,
e conviver deveras só

Tarde é não amar o amado
e não tê-lo em meus braços


Tarde é...