Fim antes do fim


Sentado em sua cadeira
a meditar sobre a vacuidade da
existência,
sobre a inexorabilidade
do tempo,
do vento,
e a ausência
de chuva,
de sentido,
de riso
ele persiste,
alheio,
triste,
inerte,
como um rei não esclarecido,
que espera a notícia
da vitória na batalha
e mal sabe da carnificina
a se aproximar,
dos abutres,
dos odores,
do verme,
da Morte personificada,
que friamente constata,
não escondendo a alegria,
ao exteriorizar os dentes lívidos,
com a foice empunhada:
“Antes do fim, eu venci”.