A lua, tão propícia aos enamorados, mas não a mim!
Lua da minha origem, divindade nua.
Sois o que sou, fina flor de candura.
Sede o luar da aurora boreal.
Sede o vaga-lume do escudeiro fatal.
Sede a expressão do amor.
A lua dos meus prazeres é abrasadora.
Não machuca ninguém, nem faz sentir dor.
Ela ouve o dizível e fala o não dito.
Nota o gemido e também a risada.
Escuta a palavra não anunciada.
A lua, pequeno condor a cintilar no céu, porém não no meu.
Lua da minha broa, embarcação sua.
És o que fui, a origem pura da luz.
Sede una em muitas.
Sede brilho e escuridão.
Sede a auréola angelical do anoitecer.
Sede o aperto no peito de um sofredor.
Não apenas resplandece.
Ilumina o mar bravio.
Deixa rastos na areia.
Forma réstias na lareira apagada.
A lua, acalanto do ser, esquecimento do meu.
Lua da minha vida, olha para mim!
Tu és o meu amparo quando me falta ardor.
Sede um guia a me guiar por entre as nuvens.
Sede aquilo que comporta o tudo.
Sede tudo em meio ao nada.
Sede sempre fervor.
Enche-me de sensações insaciáveis.
Lua de encantos aleatórios e de sensações sutis.
Aplaca o meu desejo vil, minha ira virulenta.
Liberta-me desse covil que me abomina.
Causa de minha cumplicidade.
Pena maior a cumprir.
Sofrimento solitário na dor.
Instantes de angústia na espera.
Caução de causas perdidas.
Cenário de cenas tórridas.
Observadora dos casais.
Amante irresistivelmente amada.
3 comentários:
Acho que não preciso dizer que gostei do poema. Que a lua metafórica do seu poema inspire sempre mais suas composições. Saudações.
Volte sempre! :)
Se puder, segue o meu de volta ?
http://www.diferreroforever.blogspot.com/
Obrigada.
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