Momentos de deserto



Existem momentos de deserto.


Momentos de solidão,


de um absurdo silêncio


que grita no coração rumoroso e triste.



Mas a coisa não é ruim,


apesar da aparente esterilidade,


da falta de palavra


ou de certezas.




Nestes momentos se pode contemplar

o céu infinito,

o canto dos ventos,

as dunas douradas

que é fora,

mas também dentro.


E assim encontrar-se docemente


como o rio encontra o mar,
como um beduíno um oásis perdido,


como um corpo encontra o outro
no abraço, no beijo, no sexo, no amor


no mais profundo e terno amor.




Narciso


A Venda


Quando amamos, criamos vendas.

Não enxergamos com os olhos da visão,

Só vemos e sentimos com o coração.

A justiça insana é nossa guardiã

para as horas certas e incertas.

Nos momentos pontuais e inoportunos.

Amo sem certezas.

Apenas...

Amo!

Amo com o mais profundo de meu ser.

Sem obtenção do mesmo sentimento.

Amo por amar.

Amo.

Somente amo.

Amo às cegas...



Astréia


Selo

Este selo foi presente da Júlia do blog: http://juliagravina.blogspot.com/ Agradecemos pela gentil indicação.


Regras: o selo tem que ser repassado para seis pessoas e exibido no blog!

Do que falar



Não quero falar de galáxias, de estrelas
não quero falar do infinito
quero falar do mínimo
do ínfimo, do pequenino.

Não quero falar da imensidão
eu quero falar do chão
e da mão que planta
no chão a semente
que vai virar pão.

Não quero falar do elefante
da girafa, da baleia ou do leão
quero falar da formiga
que trabalhando noite e dia
se prepara para uma nova estação.

Não quero falar de alma
mas do corpo animado
do sangue, da veia, do pulmão.

Não quero falar do presidente
mas do eleitor faminto
que vendeu o seu voto
por um prato de feijão.

Não quero falar de adultos famosos
de mulheres de botox ou de homens musculosos
quero falar daquela criança magricela
que se diverte com bolhas de sabão
e sorri do nada
com os olhinhos fechados
mostrando o dente que falta.

Não quero falar de poesia
nem de simetria
nem da agonia de acabar
quero falar do verso
da letra o do reverso
e da dorzinha que fica
quando um verso começa do nada
prossegue sem saber porque
e termina querendo continuar.


>Narciso<

Sonho meu


Você é um sonho

Vago sonho iluminado

Como denominá-lo?

Guru, sábio, mestre, deus

Ou simplesmente, amor meu.

Você é uma realidade

Perambulante em mim

Como expressá-lo?

Romântico, gentil, afável...

Ou somente, anjo meu.

Você é um pouco de tudo isso

envolto em minha mente

e em meu coração,

Sonho e realidade,

Mais sonho que realidade,

pois continuamente sonhando assim

busco a realidade que idealizo em ti.

E idealizando-o em sonho,

tenho um pouco daquilo que acredito

supostamente possuir.

Poema Inato



Palavras não ditas.

A pura beleza...
a essencialidade originária da escrita vivenciada
em sua mais remota existência.
O amor do amar.
O desejo de...
escrever sem pensar-pensando,
notadamente sentindo a delícia
metafísica da linguagem
e sentindo o sentido insensível do poema...
Do poema que já surgiu comigo,
das palavras impronunciadas, sem simetria,
que nasceram quando nasci,
das estrofes desconexas,
do sentido mais profundo,
da melancolia e da dor essencial...
A escrita não diz muita coisa.
Apenas transmite o imaterial desejo
de disseminar um sentimento profundo e silencioso
grudado em meu ser.
Todos os poemas surgem dele.
Divagam, saem, e voltam para ele.
O poema que sou.
O poema profundo e superficial que sou.




>Narciso<