Pedra bruta



Meu estômago eclode borbulhas de sofrimento.
Estou condenada a uma guerra desleal,
Travada pelas enzimas da angústia atreladas à azia da exaustão.

Meu corpo pulsa atormentado pela desilusão,
Atolado pela lama da indiferença humana.
Estou apática, imobilizada pelo suco gástrico da minha própria frivolidade.

Estou ferida.
Virei pedra bruta.
Virei o nada.
Virei um bustiê velho e podre.

Amor bobinho



Hoje fui tomado por
uma espécie de romantismo
tão inocente,
extravagante,
que gritei quase em um canto:

Conhecer você
é amar você.
Quando eu te vi
foi amor sem fim
E eu amo.
Eu amo.
Amo.

Quero estar com você
num triste entardecer,
pois sei que o teu olhar
vai me iluminar.

Conhecer você.
é amar você.
Quando eu te vi
foi amor sem fim.
E eu amo.
Eu amo.
Amo.

Você não está aqui
e eu preciso te sentir.
Volta e me diz
que você nasceu só para mim
(e eu só para ti).

Conhecer você
é amar você.
Quando eu te vi
foi amor sem fim.
E eu amo.
Eu amo.
Amo...

Busca


Descobri ontem que te amei profundamente,
e isso me tocou.
Descobri um sinal de vida pulsante, 
em meio ao delírio de estar viva.
Resigno-me de tanto te amar,
e isso me apetece.
Até mesmo me enobrece.
Sou rainha em busca de um rei.
Sou devassa querendo um gozo momento de prazer.
Sou volúpia amarrotada de êxtase.
Sou mulher em desejo penetrante.
Anjo demoníaco,
Ode melancólica,
Sou tão eu...
Tão meus sentimentos em busca dos seus.

Transbordamento



Alguma coisa lateja aqui dentro.
Uma mistura de tristeza e alegria.
É mais um poema que transborda
Em pleno dia.
E tudo rima.
E tudo rima.
Em meio ao gozo grito
“Ai”.
Obrigado, Deus.
Obrigado, Pai.

Morrer de amor



Adoro quando comentas sobre o brilho daquela luz, que por alguns instantes nos torna ainda mais próximos.

Mais que isso, sinto um calafrio invadindo o meu âmago. Ele sobe ao meu coração na mesma rapidez e medida que desce outra vez ao âmago. Se não me recobro a razão, creio que sucumbiria.

Tenho a incrível sensação de está sendo invadida por milhares de borboletas frenéticas, extasiadas, que percorrem a minha corrente sanguínea, prestes a eclodirem pela boca em voos guiados por um sentimento nobre e belo. É uma impressão assustadoramente prazerosa e de uma ambiguidade estarrecedora.

Sinto-me leve e ao mesmo tempo sinto o peso do mundo. É uma leveza que pesa. Impossível  flutuar, porém de fluidez plausível. Quase desfaleço, não sei o que fazer. Emudecida, penso em gritar eufórica, mas também penso em gritar por auxílio. Procuro voltar a razão, respiro profundamente e fico com a leve e pesada sensação de ter quase morrido de amor.

Então vivencio a célebre frase de Mário Quintana: “tão bom morrer de amor e continuar vivendo”.

Superlativo



Eu não te amo muito.
Eu não te amo tanto.
Eu te amo.
E já é muito.
E já é tanto.
Amar já é superlativo.

Sem você



Não consigo viver sem você,
A cada minuto que passa, mais sinto a sua falta.
Sem você meu mundo desanda.
Me vejo fora da realidade.
Me alieno, fico sem rumo, vivo sem prumo.
Me torno parasita.

Minha vida sem você não faz sentido.
Lembra quando nos conhecemos?
Daquele momento em diante, 
passei a olhar a vida com outros olhos.
Minha linda, amada, amiga.
Somos únicas, somos uma.
Minha filomania, meu pedaço de bom caminho.
Meu refúgio e minha luz.
Meu reflexo desconvexo.

Minha concepção de vida!

Um trem




Aqui dentro mora um trem
Um trem grande
Difícil de nominar
Ele segue
Vai e vem
Pelas montanhas e vales
E deixa meu lado mineral
Lá em Resplendor
Em Resplendor
Resplendor...

Mas o trem pode ser
Algo bem além
Que fere meu rosto
Muda minha percepção
E me deixa assim
Meio certo e duvidoso
Um tanto alegre e absorto
Balançando os alicerces
De minha suposta convicção...

E lá longe no vale
O trem que parte
Me parte
Eu timidamente o sigo
com os olhos
até que fique somente rastro
fumaça
um barulhinho emudecendo
saudade
mais nada.

Escudeira







Dormi ontem pensando em você,
E querendo descansar no teu amor.
Hoje me proponho a ser o teu alento na dor.
Pretendo proteger-te do excesso de crueldades e injustiças.
 Quero partilhar a minha vida subnutrida contigo,
E juntos regurgitarmos doçuras brandas de prazer.
Eu quero unir meu ventrículo esquerdo a tua válvula cardíaca,
E incólume submergir nos teus impulsos.
Quando estiveres convalescendo,
Eu serei a tua força motriz e te cobrirei com meu braço esquálido.
Buscarei vigor onde não existe para te resguardar de todo mal,
Eu cuidarei de você,
Eu te protegerei,
Eu te amarei por todo sempre,
Sempre!

Perda


Eu sei que ele não voltará
como veio
neste início matutino
cheio de mau-humor
e resignação
Mas eu o quero
Quero aquele poema
que por um instante
iluminou minha nuca
meu rosto carrancudo
Quero aquele poema
que me fez rir
e chorar por dentro
Eu quero aquele poema
que veio do alto
e chafurdou na lama
de minha existência
oca e triste
Eu quero aquele poema
Aquele poema
Eu quero
Por favor
Volta
Eu quero.

Indecifrável




Não me busque em mim,
Pois estou além de ser eu.
Possuo o mundo.
Não tenho definição.
O que me define é o indefinível acaso da inconclusão;
O indecifrável enigma da imaginação.
Sou puro amor.
Enamorada de mim.
Sou o mundo sobre-humano.
Divino e virulento,
Escasso e eloquente,
Murcho e esplendoroso.
Sou...

Antecipação


Minha mesa:
meu coração.
De tudo,
Nada.
Objetos frios, vazios,
Sem conexão.

O amor não está sobre a mesa.
Não é refeição, nem sobremesa.
É grito contido,
Que da ausência das coisas
faz-se prelúdio,
Antecipação.

4 anos


Este mês o blog comemora 4 anos de existência. Ele nasceu em um dia memorável e inusitado. Experiencio mais uma vez um misto de sentimentos advindos desse bonito percurso. É dia de festejar o encontro, a magia, o amor, o mistério, o carinho, a admiração e, primordialmente, a tecnologia, pois sem esse recurso, seria pouco provável que duas almas apesar de não tão distintas e unidas pelo mesmo anseio poético, pudessem se conhecer e partilhar uma história tão especial e sublime.

Parabéns ao Palavras e Devaneios! Que nunca nos falte o sopro das palavras e o emergir dos devaneios, e que esses 4 anos nos sirvam de observação e experiência para melhorarmos em números de postagens e presença no blog.

Beijos acarinhados em todos que curtem o blog e que já passaram por aqui!

Neste ano


Neste ano:

Don't carry the world upon your shoulders.
E, de vez em quando:
Le it be.
E se o dia for ruim. Lembre-se que amanhã tal dia será
Yesterday.
Quem sabe, neste ano, alguém possa lhe dizer:
Where Have You Been All My Life?
Algumas vezes, você poderá dizer:
You know I work all day.
E por isso:
I'm so tired.
E certamente precisará de:
Peace of mind.
Talvez você pensará que:
The world is treating me bad...
E quando parecer não mais aguentar:
Twist And Shout.
Com certeza, neste ano, você vai querer:
Money. 
Porém:
The best things in life are free.
E se nada der certo neste ano, saiba que:
O-bla-di O-bla-da life goes on bra
e 2014 logo chegará.
Feliz 2013!!!