O tocador da lira


As mãos suaves dedilham uma triste canção,
que toca o coração
do barqueiro,
do monstro mítico,
e do deus,
que chora lágrimas de ferro.

Alguém se compadece
com o som da lira,
na terra onde tudo é sombra
e esquecimento.

Na terra dos vivos,
sem o amor de sua vida,
a melodia acaba,
a amargura sufoca o canto,
do mais belo dos poetas.
A morte torna-se a melhor estrada.

E, mesmo estando em pedaços,
com a cabeça flutuando nas águas claras,
de sua boca ardente de amor,
o tocador da lira canta o nome da amada,
até que o rio a sufoque para sempre.

Para sempre.
Para sempre.

Da montanha sagrada,
ao raiar do dia,
rouxinóis azuis entoam sublimes canções.