Regresso


Retornarei à terra do nascimento.
Voltarei ao castelo onde fui gerado.
Reverei os pisos azulados,
as paredes humildes, mas altaneiras.
Visitarei os bosques floridos,
as relvas esverdeadas daquele olhar.

Retornarei ao tempo perdido
e ouvirei a música que não parou de soar em meu peito,
embora há tanto tempo não a escute.
Cantarei, dançarei, alegre, bobo, feliz
por novamente sentir a brisa acariciar meus olhos dispersos.

Retornarei ao reino do adeus
e lá serei coroado por não ter sido rei.
Reencontararei as aves multicolores
que enfeitavam o céu azul intenso.
Relembrarei do azul do céu, sim, relembrarei.

Retornarei ao Azul infinito
e lá serei Infinito por ser azul.
Voltarei às nuvens brancas e chorarei nos riachos doces.
Sim! serei doce, enfim serei.
Mesmo depois de encontrar-me com o mar.

Negação


Não sou poetisa

Atrevo-me a poetizar

Sou audaciosa, atrevida

Sou uma flor a desabrochar


Meu maior prazer é brincar do que não sou

Escrever é meu ponto de fuga

Minha lucidez alucinada

Sou uma história inacabada


Risco no papel gotas de acaso

vivo neste céu anacromático

Sou uma farsa em ode pueril

de imaginação fértil e viril


Falo sobre o tudo e sobre o nada

Do lado obscuro das palavras

Da imensidão do tempo

Do poder da rima

Da trivialidade da vida


Quero suspirar aliviada

quando o fim da estrofe sucumbir em versos

os meus desejos mais profundos

E falar em grito ao mundo

Tudo que meu coração cogita a permanecer imune.